Canais de comunicação online como Facebook, Twitter e Linked In ajudam ou atrapalham na hora do trabalho? Uma pesquisa recente publicada pela Warwick Business School, no Reino Unido, mostra que os dispositivos digitais e mídias sociais, na verdade, ajudam as pessoas durante o expediente. Na avaliação do professor Joe Nandhakumar, responsável pelo levantamento, a pesquisa derruba a ideia defendida por alguns críticos e empresas de que estar conectado a uma infinidade de coisas afeta a concentração e a capacidade de analisar detalhes.

O estudo foi desenvolvido tendo por base companhias líderes de tecnologia no Reino Unido, Finlândia e Alemanha. Segundo a publicação, a onipresença da conectividade digital altera o senso de presença nos trabalhadores e ajuda mais do que atrapalha na execução de tarefas coletivas, além de acelerar o cumprimento de metas e o tempo de resposta dos funcionários a clientes.

O acadêmico, que já atuou em gigantes como Ford e Nestlé e é especializado em sistemas da informação, defende a teoria da “copresença virtual”. Em outras palavras, seria a capacidade de se comunicar e colaborar com outras pessoas sem necessariamente estar no mesmo espaço geográfico. O estudo de Nandhakumar também enfatiza a questão da natureza global dos negócios modernos, em que terminamos atuando também fora das horas tidas como comuns até a década de 1990, inclusive nos conectando com pessoas de todo o mundo.

A pesquisa sugere que os trabalhadores que conseguiram lidar com o tempo e a sequência de sua “presença” e as respostas em um local de trabalho digitalmente mediado eram mais capazes de organizar o fluxo de trabalho através de meios digitais. “A quantidade de informação agora na ponta dos dedos do trabalhador de escritório moderno não deve significar que eles estão sobrecarregados, mas, sim, empoderados. Em ambientes acadêmicos, conectividade digital e interações são frequentemente vistos como um aspecto positivo do nosso trabalho e uma parte essencial de como manter a velocidade com novos conhecimentos e desenvolvimentos dentro de nosso campo”, defende.

Dessa forma, a conectividade digital onipresente deve ser vista, como defendeNandhakumar, não como uma interrupção indesejada, mas como parte da natureza mutável do conhecimento do próprio trabalho e que precisa se tornar parte normal das práticas cotidianas das organizações contemporâneas. Mesmo no caso da conectividade constante proporcionada por meios digitais móveis, o estudo sugere que os trabalhadores são capazes de responder a comunicações em seu próprio tempo, permitindo um tempo de mudança de tarefas pelos participantes, não significando que eles respondem de forma passiva aos alertas das redes sociais.

BRASIL X EUROPA - O especialista em gestão de qualidade, motivação e equipes autogerenciavéis Jairo Martiniano, que tem uma carteira de 200 clientes espalhados pelo País, entre eles Nestlé, Fiat, Porto Seguro e Vitarella, alerta para o equilíbrio no uso da rede dentro das corporações. “É preciso ver que a Europa tem uma cultura diferente da nossa quando o assunto é trabalho. Ainda estamos crescendo em relação a esse vínculo pessoal-profissional. Então é comum ver pessoas que se distraem a qualquer chamado”, comenta.

Hoje as empresas brasileiras estão mais abertas para o assunto, apesar de muitas ainda monitorarem o que os empregados acessam. É comum que o setor de Tecnologia da Informação tenha também a incumbência de produzir relatórios mensais auditando o que foi visto na rede pelos demais funcionários. “A questão é, sim, positiva, desde que haja maturidade nesse uso, desde que ele se torne o elemento a favor, a exemplo de pesquisa no Linked In ou compartilhamento de conteúdos úteis e construtivos no Facebook”, acrescenta Martiniano.

Na opinião do europeu Nandhakumar, as empresas e organizações devem garantir que seus trabalhadores possam controlar o próprio fluxo de informações, ligar e desligar, quando necessário. Para ele, o que se deve fazer não é impedir o acesso, mas explorar como os funcionários podem ser mais bem equipados e capacitados para gerenciar seu tempo e produtividade no ambiente corporativo.

As conclusões foram tiradas depois que o professor passou mais de dois anos acompanhando numa grande empresa de telecomunicações da Europa a tentativa de implementar mídias sociais e comunicação digital nos hábitos de trabalho, a exemplo de Skype, Facebook e Twitter. O objetivo da companhia era melhorar a comunicação com os clientes. As conclusões da Warwick Business School apontaram que, ao usar as mídias e canais online, a equipe foi capaz de concluir as vendas mais rapidamente e obter mais tarefas de atendimento ao cliente.

Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/economia/nacional/noticia/2013/04/15/uso-de-redes-sociais-no-trabalho-ajuda-mais-do-que-atrapalha-79816.php